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A paternidade pode ser uma revolução!

Atualizado: 14 de ago. de 2023



Pra mim foi e tem sido. Revoluções cotidianas, pois não há um dia em que não pense nos meus filhos e pensar em meus filhos me traz para a realidade. Não só pela responsabilidade material da criação, que não é coisa pouca, mas pelo compromisso em ser todo dia o meu melhor, em viver o presente, estar presente, para eles e para mim.

Ser pai em uma sociedade patriarcal e machista é, para muitos, uma opção. Há quem se ausente, se afaste e jogue toda a responsabilidade para a mãe, assumindo no máximo a parte financeira, achando que é esse o papel do provedor. No entanto, pode ser muito diferente e por isso, uma revolução em potencial. Olhar para o filho, para a filha, é também olhar para a mãe e para si mesmo. É se esforçar todos os dias para deixar de reproduzir os comportamentos doentios dessa nossa sociedade perversa. É saber que, estando presente, sua presença será por muito tempo o parâmetro mais sólido que seu filho terá. É a razão mais sólida que você terá para ser o seu ideal apesar de tudo, apesar de todos.

A família é a primeira instituição que incide na formação de um ser humano. Depois vem a religião, a escola, a mídia, a política e a economia. Mas o primeiro ponto de contato desse ser humano recém chegado ao mundo será com o pai, com a mãe, com os irmãos, com as pessoas que conviverá na infância. Essa família poderá ser de todo tipo, o que importa é a relação, a responsabilidade, o cuidado e o amor. Se estiver presente como pai, integrando a família-comunidade de boas-vindas, de mediação criança-mundo, é a chance de mostrar que o mundo pode ser diferente, por isso é revolucionário.

Mais ainda. Cada filho que tive mudou meu mundo por completo. Tanto me fizeram olhar a realidade de outra forma, como me presentearam com uma necessária reconciliação com meu passado. Claro que o passado nunca muda, mas quando se tem um filho, podemos olhar para nossa tortuosa trilha sabendo que tudo o que aconteceu teve que ser exatamente como foi para que esse serzinho pudesse existir. É uma preciosa chance de redenção, de reescrever nossas memórias como algo positivo, é um estímulo para a reelaboração de nossa história como uma narrativa da qual nos orgulhamos e isso é essencial para estarmos inteiros no presente.

E tem a ancestralidade. Com um filho, já não estamos mais na ponta da linha de nossos antepassados e podemos sentir isso de maneira mais viva. Podemos entender melhor que logo seremos avós e então também ancestrais. Talvez possamos valorizar mais nossa história, investigá-la junto com nossos filhos, oferecendo a eles uma base identitária para estar no mundo. Valorizar uma bisavó indígena, um parente afrodescendente, é uma maneira de educação antirracista. Reconhecer os absurdos cometidos pelos antepassados europeus também. A força pode vir, nesse caso, da necessidade de ajustar a rota ancestral.

Poderia seguir aqui com inúmeras outras razões e ponderações que fazem a paternidade ser potencialmente revolucionária, mas o texto já ficou maior do que muitos se darão o trabalho de ler nesse meio digital.

Antes de terminar, porém, gostaria de compartilhar um sentimento. O amor e a saudade que sinto pelo meu pai, o Mirtão, que já se tornou ancestral. Meu tio, que aqui ficou por um tempo mais, que também teve certo papel de pai e que também deixou muita saudade, o Flavião. E a bela mensagem que recebi ontem, do meu tio Fernando, que tanto tem me apoiado e que sempre teve, tem e terá, um pouco também de pai para mim, gratidão Fê!

À todos os pais e filhos: que possamos ser a revolução que queremos ver no mundo!

Feliz dia dos pais!

Bruno Franques


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Sobre o livro Revoluções Minimalistas:

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